27 de fevereiro de 2009

Eles pegaram em armas…

Creio bem que o objectivo inicial da construção de tantos blogues sobre Educação não passava por este afiar de espadas contra a equipa ministerial vigente. Muito pelo contrário, houve, segundo penso saber, uma intenção inicial de reflectir a Educação em todas as suas contingências, a partir do trabalho no terreno, ou seja, a partir do próprio lodaçal onde ela vive e tem que se desenvolver, malgré tout. educação

Paulo Guinote, Carlos Fiolhais, Desidério Murcho, Idalina Jorge, Ilídio Trindade, Paulo de Carvalho e dezenas de outros não esperaram, certamente, ter que se envolver nesta guerra sem tréguas contra quem, mostrando pouco entender do verdadeiro respirar da Educação, lhe foi introduzindo reformas que se revelaram, porque imaturas, meros palpites reiteradamente falhados, dia após dia, mês após mês, ano após ano. Foram esses palpites (sempre ao lado) que levaram a Educação até esta coisa disforme que já poucos reconhecem como coisa pública consensualmente educativa.

Era, certamente, um grande movimento de discussão nacional, de partilha de projectos e recursos, de perspectivas didácticas racionais, sensatas e eficazes que aqueles autores se dispunham abrir quando criaram os seus espaços sobre Educação na Blogosfera nacional. Não podendo, no entanto, resistir ao acúmulo de medidas soezes e insultos vis, aqueles autores tiveram que reorientar os seus blogues para outras dinâmicas menos nobres, porém absolutamente justificadas e imperiosas. Estava em causa a permanência da inteligência no Sistema Educativo, contra a estupidificação que nele agora grassa.

(Imagem daqui)

21 de fevereiro de 2009

reconstruir (1)

grua Começa a ser mais que tempo de partir para uma outra fase da luta dos professores, deixando, definitivamente, aos outros, a quem se meteu e nos meteu nisto, aos responsáveis pela vergonha, o triste assunto da avaliação docente. Temos que esquecer o indigno muro, erguido pela Tutela, que nos separou de modo quase irremediável. Professores e Titulares, em escalões do topo ou de baixo, com boas, más ou nenhumas perspectivas de subir, com mais ou menos terror do futuro, têm que se unir na reconstrução da escola, sem pruridos, sem amuos, sem sobrancerias, sem abatimentos. Esta nova fase caracteriza-se pelo reerguer de tudo o que esta equipa ministerial destruiu no sistema educativo. Trata-se, portanto, de proceder à reedificação da escola pública. Só nós. Contra tudo e contra todos. Não se acredite mais que esta reedificação possa ser dirigida pelo Ministério da Educação. Infelizmente, teremos que a fazer sem ele.

(Imagem daqui)

20 de fevereiro de 2009

Paredes de Coura

carnaval_thumb[2] Professores do Primeiro Ciclo foram ameaçados com processo disciplinar se se recusassem a organizar o tradicional corso carnavalesco da pequenada. Os professores alegaram não ter tempo para organizar a brincadeira, devido à eleição do Conselho Geral Transitório e às tarefas decorrentes do  processo de avaliação do desempenho. Porém, a Directora Regional de Educação, que é tudo menos burra, viu logo que o que eles queriam era dar aulas…

(É óbvio que, com professores que só pensam em dar aulas, em vez de ir jogar ao Carnaval, não se pode ir longe.)

(Imagem daqui)

19 de fevereiro de 2009

Jeovás e já os vês…

paraiso Sabemos que estamos cada vez mais velhos quando começamos a andar rodeados de Testemunhas de Jeová. Tens vindo a notar um claro aumento de Testemunhas de Jeová a chagar-te a paciência? É mais que certo que estás a envelhecer, que o Limbo se aproxima e que te querem ensinar o caminho das pedras…

Desconfio, no entanto, que não é esse tipo de abordagem que me garante o Nirvana. Cá por mim, apesar da velhice, preferiria ser abordado por jovens solícitas que me preparassem um paraíso mais módico e térreo. Esse Paraíso verdadeiro, esse do último andar, esse que as omnipresentes Testemunhas teimam em me mostrar ainda não me dá muito jeito adentrar…

Disse-lhes isto no sábado passado. Hoje é quarta-feira e ainda não fui abordado desde então. As ubíquas Testemunhas ainda não vieram. Devem ter achado que me perderam irreparavelmente. As ansiadas jovens também não vieram. Estão ainda, certamente, a planificar a abordagem. (Não deve ser fácil abordar um homem de pouca fé, é o que é…)

(Imagem daqui)

17 de fevereiro de 2009

Minudências minhas (5)

clip anti ressono O sexo

Dantes, quando nos beijávamos, na noite, tocávamos fundo as nossas almas. Hoje, quando nos beijamos à noite, tocamos ao de leve os nossos clipes magnéticos anti-ronco da DMail…

(Imagem daqui)

…contentam-se com uns copos…

louca 14.40

Neste preciso momento Francisco Louça está na sala ao lado a dar uma palestra, a convite de um departamento disciplinar. Cruzei-me com ele no corredor, apresentei os meus cumprimentos e informei-o sobre a minha impossibilidade de estar presente. Respondeu afavelmente e pediu-me o e-mail. Pôr-me-ia ao corrente do que dissesse na acção. Agradeci. Fui dar a aula e fiquei a pensar sobre a razão que tem levado os organizadores destas acções (nunca como agora se viu tantos colóquios nesta escola) a optar sempre por indivíduos de esquerda. Fiquei, obviamente, orgulhoso por esta escola e por esta escolha…

16.40

Terminou a minha aula e terminou também a palestra de Francisco Louçã a que, com extrema pena minha, não pude assistir. Na sala de professores comentava-se, bobinamente, sobre a apresentação do líder do Bloco. Quis saber de novo a razão por que a escola estava a convidar tantas personalidades, ultimamente. Respondeu o Presidente do Executivo que “os organizadores recebem muito bom ou excelente nesta área de avaliação do desempenho, de acordo com a quantidade de acções que organizam”. Ah, entendi, e por que razão convidam só pessoas de esquerda? Resposta pronta e sábia do Presidente: “o pessoal de direita é mais caro, exige caché. O de esquerda contenta-se com uns copos… “

(Aquela frase lá em cima sobre o orgulho que disse ter pela escola e pela escolha, lembram-se? Esqueçam.)

(Imagem daqui)

14 de fevereiro de 2009

Namoration day

dia-dos-namorados “It is namoration day. On this day I like to curt with my namorated. Go chez elle and see if father of she is there. If is there I push her to the my car. If not is there I go on her in sofa…”

                                    joao semedo oitabo ano

13 de fevereiro de 2009

Duzentos anos de Darwin

darwin Os bichos como eu estão em vias de extinção. Não foram capazes de se adaptar ao mundo que aí vai. Falta-lhes a barbatana de nadar em toda a água, não desenvolveram uma só pata de plantígrado para pisar semelhantes e têm o corpo coberto de escrúpulos. Não produziram embotadores de consciência, nem sequer uma secreção para pactuar com as vilanias. O único sentido que desenvolveram foi o do humor. E morrem de rir…

(Extinguem-se, claro. Mas rindo.)

(Imagem daqui)

11 de fevereiro de 2009

Acontece-me por vezes… (foi-me impossível achar um título para isto)

blogosfera Acontece-me por vezes visitar blogs ao acaso. Se estou cansado, olho primeiro para a extensão dos textos. Se forem suficientemente curtos e prevejo que não me poderão torrar demasiado a paciência, tento ler, esforçando-me por vencer o natural repúdio do ecrã. Se, além de curto, o texto tiver caracteres escuros de tamanho confortável e fundo suficientemente neutro, existe, desde logo, uma possibilidade acrescida de ficar um tempo por ali, numa viagem já levemente planificada. E aí, assesto então uns óculos protectores (que me custaram os olhos da cara, o que faz da sua aquisição um contra-senso, visto que não é legítimo dar os olhos para ficar com os óculos, embora cada um saiba de si e está provado que a lógica é cada vez mais uma matéria subjectiva e inexacta) e ponho-me à perscruta do texto, sem me importar qual é o tema. As temáticas passam-me ao lado. É-me indiferente que um texto fale de batatas de semente ou de semiótica. O que eu quero é saber como se constrói uma linha, uma força, um humor, uma constante poética, um explicar-me a vida, uma foz…

Achado isso, enrosco-me na felicidade da descoberta e vou para a cama mais rico…

(Imagem daqui)

9 de fevereiro de 2009

a palavra dos outros

Velvia CopyaaO “Amirgã” tinha lá isto. Fui ver e gostei. Acrescentei na minha coluna à direita. Se ela considera isto bom é porque é bom. E não é que é mesmo?

7 de fevereiro de 2009

Uma empresa privada chamada Escola Pública?

publicidade Abri o browser e li assim, num jornal local:

“No dia em que é oficialmente lançada a primeira pedra da nova Escola Secundária Letras e Tretas), 9 de Dezembro de 2008 - prenunciando um marco de viragem, que se espera, em direcção ao progresso e inovação, de acordo com as necessidades económicas da comunidade -, é anunciado o nascimento, naquela escola, da empresa ICC2 “Ideias Criativas como o Caraças”, Publicidade e Marketing, Lda.

In “Jornal da Comandita”

(Os bolds são meus. Meus também os nomes falsos da Empresa e da Escola em causa)

Ah, só agora descobri que deve ter sido nessa pedra (ou no tal marco) que tropecei e me estatelei ao comprido no dia 9 de Dezembro passado. Foi de tal monta o estatelanço que fiquei burro, ao ponto de não entender isto que as escolas andam a fazer, ou isto que andam a fazer às escolas. Não, não vale a pena gastar tempo a explicar. O meu estatelanço foi definitivo e irrevogável.

(E porque não uma Fundação? É o que está a dar…)

(Imagem daqui)

a palavra dos outros

amirga Hoje não queria chamar a atenção para nenhum post, mas sim para todo este blogue. No entanto, se preferirem que vos dê um post da minha preferência, leiam, por exemplo, este. Depois digam qualquer coisa, se ainda tiverem palavras.

Abaixo o saber, viva o jogo…

futebol- Os professores teimam em acreditar que ainda têm alguma coisa para dizer aos jovens. Essa é a sua esperançosa perspectiva, mas não é esse, definitivamente, o entendimento dos alunos. Não se vislumbra grande coincidência entre os objectivos dos professores e os anseios dos jovens. Se queremos ter a atenção dos nossos alunos, devemos partir do saudável princípio de que nunca seremos capazes de o conseguir. Temos, é claro, a adorável muleta de podermos recorrer a cretinices chamadas warm ups permanentes, à parvoíce do lúdico transversal, às tolas estratégias construtivistas. Mas mesmo estas sandices têm os seus pobres dias contados, graças aos céus…

Se o professor traz consigo um projecto sério e racional de ensinar as ciências e as línguas, um projecto honesto de tornar claros os saberes fundamentais, sem, contudo, os desvirtuar, não terá mais que uma cabeça por turma a olhar na sua direcção. Na verdade, se o professor realmente anseia pela atenção dos seus alunos, deverá anular-se. Retire-se, delicadamente, do spotlight da sala de aula e coloque lá, em seu lugar, um futebolista, um roqueiro famoso ou um drogado. Verá então, beatificamente, a atenção dos seus alunos recrudescer sem paralelo e as suas expectativas de aprendizagem subirem exponencialmente…

(Pena que esta fauna roqueirofutebolística nada tenha para dizer a quem tanto anseia ouvi-la… Se tivesse, teríamos encontrado o binómio ideal para um novíssimo projecto educacional…)

(Imagem daqui)

6 de fevereiro de 2009

Uns são uns e outros são outros

quixote1 Apesar da onda de avassaladora cretinice, de estupidez insana, que submergiu a escola pública até ao esterco abissal que hoje é, muitos professores continuam a lutar, denodadamente, pela verdadeira qualidade do ensino. Bem os vi. E como estão eles a lutar? Muito simplesmente: ensinando. Ou alguém algum dia imaginou que seria suposto que um professor lutasse de maneira diferente?

Vi-os e ouvi-os. Estavam lá, nos seus postos obscuros, low profile de todo, tentando fazer-se ouvir por cima da buliçosa agitação de alunos cada vez mais boçais. Estavam lá, maltratando as suas vozes e gargantas, alguns tiritando de febre e cambaleando de cansaço, amparando-se, doentes, no quadro, para cumprirem de pé a sua função, o seu sonho, a sua ambição. Estavam lá, inteirando-se, tanto quanto lhes é permitido, das dificuldades dos seus alunos. Lá estavam, nas aulas, nos apoios, nos intervalos, no correio electrónico, tentando penosamente cumprir o seu dever de elevar os jovens a um plano superior de dignidade.

Outros, porém, nem tanto. Mestres na arte da dissimulação, que aprenderam depressa com os seus donos, organizam dossiers de evidências para ficarem bem na fotografia final da avaliação e poderem aumentar os salários, embora diminuindo os horizontes. São os pobres filistinos do sistema, miseráveis anedotas de um equívoco chamado educação.

(Imagem daqui)