27 de maio de 2009

Participo o meu particípio

tristezaDeus! Mais um Bloco Central e eu bloqueio de todo! E bloqueado me remeto ao medo. E calado me calo ao meio. Gelado me arrefeço inteiro.

Arqueado me retorno ao nada...

[Estou fosso! (particípio passo). Merda de poema, puta de vida! (particípia passada, passiva, fanada)]

(Imagem daqui)

26 de maio de 2009

Paralisação

parar Estive paralisado hoje, das 8.30 às 10.00. Senti-me como se, de repente, tivesse sido compulsivamente reformado. Não ficou ninguém comigo. Todos se foram dirigindo aos diversos sectores de trabalho, informando, por conveniência, que não podiam fazer greve, pois isso atrasaria todo o trabalho e reverteria, em última análise, contra si próprios. Compreendo. Foi sempre assim. Até o secretário-geral da CGTP, de ordinário tão confiante, foi adiantando que não esperava grande adesão à paralisação, exactamente devido às mesmas razões. É. As nossas paralisações não substituem o trabalho. Apenas o adiam.

(Imagem daqui)

24 de maio de 2009

repescando tralices

relogio contratempo3 arrepiantes sensações de quase muda perseguição

Em 20 11 07 ainda não se sabia ao certo que ameaça era esta que já pairava no ar. Passados dois anos, já sabemos todos, de um saber perverso e ultrajado. Foi a peçonhenta crise, a ignominiosa avaliação do desempenho, o vergonhoso estatuto da carreira docente e muitos outros descalabros de toda a ordem que arrasaram a vida dos Portugueses.

Para reler aqui, se tiverem paciência…

16 de maio de 2009

Minudências minhas (7)

encho A memória

Meu pai era lavrador, mas, nos primeiros frios do inverno, aquietada a faina das colheitas, fazia rodízios para azenhas. Foi num desses dias felizes de há 50 anos que, enquanto desbastava uma pena com a enchó, me contou uma história a que, com visível ar de mistério, chamou “coisas do diabo”.

“Estava um homem afiando um fueiro, tal como eu faço agora com esta pena, quando foi abordado por um estranho que lhe disse que tivesse muito cuidado, que podia cortar o nariz. O carpinteiro achou o conselho muito tolo e continuou o seu trabalho. Porém, o estranho reforçou o aviso: cuidado, que podes cortar o nariz.

- Mas como posso eu cortar o nariz, se estou a afiar um fueiro que está a meio metro de distância dele?!.

- Já ficas avisado: tu vais cortar o nariz!

- Irra que você é burro. Para eu cortar o nariz teria que fazer assim. (Aqui o carpinteiro aproxima a enchó do seu rosto e executa com ela um movimento para exemplificar o único modo como poderia cortar o nariz).

E cortou o nariz.”

É. A nossa memória ri-se de nós, da nossa cara cada vez mais evanescente, do nosso nariz cada vez mais inverosímil.

(Imagem daqui)

8 de maio de 2009

CDL e CII

cdl Os contratos de trabalho dos banqueiros e gestores bancários (enfim, de todos os que têm acesso fácil e privilegiado à massa com que se compram os melões) deveriam contemplar uma cláusula que justificasse a falta ao emprego quando aqueles profissionais acordassem de manhã com uma indomável vontade de fazer uma falcatrua financeira ou um desvio de capitais para as suas contitas pessoais. Chamar-se-ia Cláusula da Desonestidade Latente (CDL) e, no limite, evitaria a bancarrota do sistema capitalista. Não é que eu esteja particularmente empenhado em que o sistema capitalista não caia do cavalo ou não rebente pelas costuras. Por mim, pode até explodir, implodir, derreter, escoar-se, petrificar-se, que eu não estou nem aí. Mas custa-me por demais ser mais um dos pacóvios que andaram para aqui a ver navios, trabalhando decentemente, cheios de pruridos e de contenções éticas, enquanto uma falange de mafiosos se governou com o meu trabalho de asno e a minha inépcia financeira.

cii Cláusula semelhante deveria ser introduzida no ECD, permitindo aos professores ficarem em casa nos dias em que acordassem invulgarmente estúpidos. Neste caso a cláusula seria chamada CII (Cláusula da Idiotia Imprevisível). É que cachorrice e imbecilidade não são doenças genéticas. São adquiridas socialmente e mais contagiosas que sarna multissintomática.

Por que falo destes dois casos? Bem, do primeiro quem fala é a minha lamurienta e desprestigiada carteira. Quanto ao segundo, caí, desamparado e zonzo, numa reunião de professores contra encarregados de educação e vi quão benéfica teria sido uma quarentena. Chiça!

(Imagens daqui e daqui)

4 de maio de 2009

quarentena

mascara Tenho estado fechado. Por causa da gripe porcina ou mexicana ou lá como se chama essa nova coqueluche. (Ultimamente temos andado a sofrer de pandemonias várias: freeportite A, vitalmoreirite B, crisite C, desempreguite D, campanheleitoralite E, etc. Por isso estive fechado esse tempo todo. Mas agora vou regressar, visto que afinal só houve um caso em Portugal e ainda nem sequer foi caso que se visse. Portugal continua a ser um paraíso onde os vírus não se dão bem. (Nem os corruptos, que também são uma espécie de vírus mas maiores e com barba na cara, embora sem vergonha). Por isso vou regressar. De máscara clínica. Mas vou.

(Fica a ameaça.)

(Imagem daqui)